#01 Gerenciando a cafeína - O dilema do planejamento de carreira - Propondo com diálogo e café

sexta-feira, 24 de julho de 2020

#01 Gerenciando a cafeína - O dilema do planejamento de carreira


Alô galera da cafeína! Vamos dialogar sobre o "Dilema do planejamento de carreira", temática escolhida por vocês em nossas redes sociais para o primeiro Gerenciando a cafeína. Tentaremos desconstruir alguns mitos que são colocados em nossas cabeças e que ditam algo que deveria ser tão pessoal. Pega sua caneca e vem com a gente!


O DILEMA DO PLANEJAMENTO DE CARREIRA


Seria muito maravilhoso termos a solução universal para os dilemas que cada um enfrenta no planejamento de carreira, mas sabemos que cada um tem sua subjetividade, sua perspectiva de mundo, seu contexto familiar, suas necessidadesPara alguns escolher a profissão que sonha e pensar em planejamento de carreira na profissão que sonha, não é uma opção, pois a necessidade de por exemplo, ser arrimo de família falou mais alto. Então galera da cafeína, estamos aqui para desconstruir alguns mitos que lemos antes de fazer esse artigo e dizer que tudo bem você não ter um planejamento de carreira, ainda mais no momento em que nos encontramos, em uma pandemia e isolamento social e aliás não sabemos qual é o seu contexto. Mas se por acaso você decidiu que quer pensar nisso e nesse momento ou em outro momento que seja oportuno, segue então a desmistificação de 8 mitos que são arraigados na nossa sociedade e que acreditamos por um bom tempo que fossem verdade sobre o tema do primeiro Gerenciando a cafeína.

1. A minha escolha profissional tem que ser decidida quando jovem para obter sucesso



Não necessariamente o trabalho que escolhemos quando jovens ditará a nossa carreira para o restante da vida, é preciso estar preparado para as mudanças que a vida nos traz e são muitas. Quando jovens escolhemos uma faculdade ou não, começamos a trabalhar cedo ou tarde, tomamos decisões ou a vida toma pela gente, e tudo leva a crer que seguiremos aquela profissão para qual nos preparamos ou que nos deu a primeira oportunidade, porém são diversos fatores que podem nos levar a seguir um outro caminho, alguns deles: a falta de oportunidades na área que nos formamos, tendência de estagnação no trabalho, demissão, a não adaptação as tarefas realizadas, alterações de perspectivas de vida e muitas outras. A pressão para escolher algo e ter que seguir naquilo é desleal e desproporcional, tudo muda o tempo todo e nem sempre a profissão que iniciamos em um momento ainda tão imaturo, continuará sendo a mesma quando experientes na “arte” de trabalhar, como bem salienta Marcia Vasquez, gerente de negócios corporativos da Thomas Case e Associados, que afirma em artigo:



“Só que, muitas vezes, por mais que eu tenha preparado meu intelecto e o meu coração – aliás, dizem que a ‘felicidade esta onde mora o nosso coração’ -, algo muda tudo do lugar (ou eu ou os outros mudamos!) e não me reconheço mais naquela profissão, naquela empresa ou naquela vida que levo.

Faz-se necessário então, não a vergonha de admitir que o caminho está errado mas a coragem de lembrar do meu propósito, da obra que quero construir, e desistir do caminho no qual estou.

Desistir para ir além, desistir para construir um novo caminho, desistir para criar uma nova realidade, desistir para desenvolver um valor novo em minha carreira e vida.

Desistir significa ter coragem para fazer diferente, modificar-me, ajustar-me a novos objetivos, causas, interesses e motivações. Significa ter a coragem de crescer além de quem sou, de entender que posso mais, de lutar para ir ao encontro de um caminho (assustador, talvez!) que será certamente gratificante para mim.

E será gratificante pois tive a ousadia de não parar em mim; de não limitar-me além do necessário; de tomar riscos, mesmo que calculados; de enfrentar, como meu pai dizia, a máxima que ‘não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe’

Porém, digo-lhe: não desista de desistir. Não se acomode pelo medo da incapacidade que pode julgar ter. Não deixe de tentar fazer o caminho em busca da sua obra, do seu propósito."

Mario Sérgio Cortella, filósofo, acadêmico e escritor, expõe no vídeo Dilemas - Como mudar o rumo sem perder a rota que as mudanças na carreira profissional faz parte da trajetória.


2. Devo trabalhar com que eu amo


Este é um dos conceitos que mais ouvimos e durante muito tempo acreditamos que isso fosse uma verdade absoluta quando se trata de ter sucesso na carreira. Na prática não funciona realmente assim.
Seria TUDO DE BOM escolher aquilo que temos amor para poder trabalhar e poder viver disso! Certamente nós ficaríamos extremamente felizes e diríamos que muito produtivos na área de avaliação de filmes da saga de Harry Potter, Toy Story, 10 coisas que eu odeio em você, Lisbela e o prisioneiro, Auto da Compadecida, Frances Ha, O show de Truman, Troop Zero, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Meu amigo Totoro, A viagem de Chiriro, são tantos filmes galera da cafeína não dá para falar de todos porque amamos muito, e séries?! Nem se fala. Adoraríamos viver avaliando séries como Anne com E, Stranger Things, How to get away with murder e mais tantas, e música?! Galera da cafeína que incrível seria, porém não é bem assim que a banda toca.  

Algumas pessoas são abençoadas em poder, de fato, trabalhar com o que amam, mas a maioria dos pobres mortais, simplesmente precisa trabalhar com o que der ou a vida oferecer”. (VÍTOR BRANDÃO EÇA).

O buraco é mais embaixo. Empreender algumas vezes e principalmente no nosso país é por necessidade, não adianta romantizar algo que não é romântico e sim que é necessário para sobreviver. Não adianta justificar a necessidade do outro de sobreviver dizendo que é um exemplo de superação e que você deveria empreender porque ele conseguiu empreender, até porque a realidade de cada um é diferente e a questão entra no contexto das desigualdades sociais, que pode ser pauta do Propondo em outro momento, FOCO!

Sim, mas e aí vou esperar sentado o que vou fazer então?
Aprender a amar o que você faz.

Veja o relato de Vítor Brandão Eça que trabalha na indústria farmacêutica:

“Quando comecei a atuar na indústria farmacêutica, na área de assuntos regulatórios, eu não só não amava, como eu detestava o que eu fazia. Hoje, uma década depois, tenho amor pelo que faço. Aí você me pergunta: Como? Simples, eu encontrei o propósito para aquilo que eu fazia e percebi a importância e contribuição que eu poderia dar para a sociedade. Mas também aprendi que, mesmo amando o que faço, há dias bons, excelentes, ruins e péssimos. Há momentos de alegria e momentos de total desespero, mas no final das contas vale muito a pena.Procure encontrar o seu propósito, a importância do seu trabalho, o que te faz querer dar o seu melhor para atingir os êxitos, mas pare de procurar algo que você ame incondicionalmente. Caso contrário, você corre o risco de não fazer nada, ou de odiar tudo que faz. E lembre-se, qualquer relacionamento que envolve amor, seja com seus pais, companheiros ou com o trabalho, é feito de dias bons e dias ruins. Não existe a perfeição!”


3. Meus pais não devem fazer  parte do meu processo de escolha profissional



É necessário colocar que a decisão pela carreira profissional carrega diversas nuances, uma delas é a influência dos nossos pais na nossa decisão. Há alguns fatores relacionados e o processo precisa ser trabalhado para ser o mais saudável possível, já que não há como dissociar essa escolha das experiências vividas em casa, seja de forma direta ou indireta, como expõe a Psicóloga Bárbara Souza:

“O projeto profissional dos filhos é construído no emaranhado de significados que os familiares atribuem às carreiras, às atuações, às expectativas de sucesso do filho e às características pessoais identificadas (como as habilidades reconhecidas desde a infância, por exemplo)”


Ela indica que o melhor caminho é sempre o diálogo já que os pais podem trazer opiniões que podem ajudar na tomada de decisão, desde que claro respeitem a vontade do filho e não haja pressão para seguir um determinado caminho. É importante para o jovem dialogar com sua família inclusive para que se possa retirar estereótipos e medos sobre suas opções, ganhando inclusive mais segurança.


“É importante o estudante cercar-se de informações sobre a graduação e o mercado de trabalho, seja pesquisando ou conversando com profissionais da área, para embasar ainda mais sua decisão e justificá-la aos pais” diz Bárbara


Porém gente a escolha é individual e não pode-se abrir mão disso, até para que não pese nos ombros no futuro ter aberto mão da sua vontade para seguir o sonho ou as indicações de outras pessoas, ainda assim achar que os pais não podem contribuir é um grande mito, o apoio da família pode ajudar bastante na construção de uma carreira, claro que sendo realmente apoio e não imposição de ideias, ou seja, eles irão influenciar de uma forma ou de outra, melhor que seja sentando para dialogar.

4. A minha personalidade é o que dita a minha carreira


Formado em Ciências Políticas e fundador do Psynet Group Dave Popple afirma em artigo: 


“Tentamos colocar as pessoas em caixas de acordo com suas personalidades – porque você é extrovertido, introvertido, aberto ou tem inteligência emocional, por exemplo, deve saber fazer essas coisas –, mas isso não funciona.”


Fica claro que hoje em dia a escolha de uma profissão e a definição de uma carreira têm uma grande influência das análises de personalidade, nos encaixando a partir do que exprimimos e orientando nossos próximos passos, é preciso deixar claro que há abertura para o livre arbítrio, não quer dizer que por sermos mais comunicativos temos que trabalhar em algo voltado a isso, esse engessamento é extremamente prejudicial e muitas vezes nos retiram a oportunidade de crescimento e desenvolvimento, enfrentando desafios e nos adaptando a profissão de nossa escolha. Assim sendo os diversos testes devem ser levados em consideração, mas não podem ser protagonistas de uma carreira. Sobre essa temática o historiador, acadêmico e escritor Leandro Karnal explica que o mercado busca atualmente pela pluralidade no vídeo #2 Qual é a minha vocação?


5. Meus objetivos devem ser firmes para serem concretos e realizáveis


Não diremos que não tenha objetivo algum, pois é muito importante tê-los para nos manter atentos e direcionados no nosso propósito, no entanto é também importante não os restringir demais e fazer dele uma verdade absoluta, único e imutável. Procurar ter objetivos flexíveis e que possam ser atingidos é o início para realizar o que se deseja e deveríamos começar por mudanças internas e não esperar por mudanças externas, já que estas mudanças mais do que aquelas não dependem unicamente de você.
Vítor também exemplifica em seu artigo:

“Querer ser promovido em 18 meses ou querer um aumento em até 12 meses são objetivos que no mundo real dificilmente serão atingidos. Na maioria das empresas há planos de carreira, porém, apenas no papel, pois é bastante complicado colocar em prática. Por exemplo, querer ser promovido em 18 meses pode até ser um objetivo secundário, mas primeiro é necessário traçar e atingir diversos objetivos primários, internos, como por exemplo iniciar uma especialização nos próximos 6 meses; procurar ser mais organizado no trabalho imediatamente; buscar aumentar a produtividade nos próximos 12 meses; melhorar o relacionamento com os colegas de trabalho; etc.Para no fim, tentar conseguir a promoção e não simplesmente ficar esperando ela cair no seu colo e, caso não acontecer, querer culpar a empresa que não reconhece seu trabalho. Até porque você deu o prazo de 18 meses para eles te promoverem, mas não souberam enxergar o excelente profissional que você é! Certo?” Pode ser que você não consiga sua promoção mesmo fazendo o seu melhor? Pode, claro! Mas aí talvez seja a hora de procurar esta promoção em outra empresa e não necessariamente na que você já trabalha. Isso depende de diversos fatores. Portanto, esteja sempre atento às oportunidades.”


6. Tenho que ter cuidado pois não posso fracassar


O fracasso tem que ser encarado como algo natural e plenamente possível, obviamente que não se deve acostumar ou buscá-lo, mas ele em pequena ou grande escala vai acontecer, entramos fundamentalmente numa jornada de trabalho que dura anos até que seja aposentar-se, esperar que não haverão erros, dias péssimos, escolhas erradas, mudanças bruscas é alienar-se e isso pode ser extremamente difícil já que não estaremos preparados para aprender com o fracasso. Sim, o fracasso ensina, nos faz crescer e alcançar níveis mais altos, pois quando enxergamos ele como parte da nossa vida profissional, conseguimos trazer como até mesmo um aliado. Esqueça essa ideia de que não se pode fracassar, é necessário dialogar sobre isso, até para nos autoconhecermos, como explica a psicóloga Ceres Duarte em artigo do Sebrae Mato Grosso do Sul: “No mundo competitivo, há uma ênfase em idolatrar quem tem sucesso e desqualificar quando as pessoas fracassam em algo. Por isso, é importante saber lidar com essas situações adversas”
Quer saber mais sobre esse tema? Recomendados o artigo da Psicóloga Pós-Graduada em Terapia Comportamental Thaiana Filla Brotto Aprenda a lidar com o fracasso no trabalho.

7. Serei fiel às minhas opiniões e não mudarei porque é sinal de fraqueza


Ser fiel as suas opiniões não é o problema, mas a partir do momento em que você não acredita mais nelas, você estará sendo infiel consigo! Já cansamos de ouvir isso pois é algo arraigado na sociedade: mudar de opinião sobre determinado assunto é errado.

“Fomos criados assim, time de futebol preferido, prato predileto, cor preferida. Escolha um, cresça, viva e morra com aquela mesma preferência. Acontece que a vida não é assim, nossas opiniões e preferências mudam. Até nosso paladar muda, então porque no mundo corporativo precisamos nos agarrar tão firmemente às nossas opiniões e não mudá-las nunca? Medo de julgamentos, ego talvez?” (VÍTOR BRANDÃO EÇA).

Será que isso importa? Nós achamos que mudar faz parte do que somos. Na realidade temos fases e respeitá-las faz parte do nosso processo. Temos um tempo e vocês tem outro.  O que implica em dizer que ter opiniões imutáveis sobre todos e tudo o tempo todo é um tiro no pé. Às vezes queremos assumir um certo posicionamento na vida e defendemos nossa opinião, o que é extremamente importante, mas também precisamos saber avaliar se essa é de fato a melhor para aquele ambiente, para aquela pessoa, para aquele problema, por exemplo no trabalho,  ou se aquele proposta é a correta e única. Não é sinal de fraqueza mudar de ideia, mudar conceitos pessoais. Aliás, isso não só faz parte da vida como nos faz corajosos. 

8. Serei um profissional insubstituível


Um profissional competente e interessado em disseminar o conhecimento, principalmente quando se está em cargos de gestão, é um profissional substituível. E quando se é substituído por alguém da própria equipe e que tenha sido treinada por você, é sinal de que o legado e seu conhecimento estão sendo disseminados. Se seu objetivo é ter um trabalho reconhecido e ser referência na área, como isso vai acontecer se não for difundido com os aprendizes, até porque para você estar em um cargo de gestão, um dia você foi aprendiz e teve um mentor.

De duas uma, ou você vai renunciar seu lugar, pois foi promovido para um cargo maior, ou você foi convidado a assumir uma nova posição em outra empresa. Vítor ainda ressalta: “Quer ficar estagnado na carreira? Então seja um profissional insubstituível! Será tão difícil encontrar alguém para colocar no seu lugar que você nunca será demitido! Mas também nunca será promovido. Bons profissionais não são “derrubados” por ninguém. Bons profissionais passam o máximo de conhecimento para sua equipe, para que quando estiver ausente da empresa por qualquer motivo que seja, o time consiga se virar sem ele. O bom profissional deve ser sempre substituível pela equipe na qual ele trabalha. Profissionais insubstituíveis são péssimos para qualquer corporação, portanto nunca seja um deles.”

Planejar, colocar em prática e sair conforme o esperado às vezes não é o que acontece como tudo na vida e não seria diferente com a carreira, mas se conseguirmos nos desvencilhar de alguns estigmas que nos são impostos o caminho será possível de ser trilhado. O Propondo com diálogo e café deseja que você consiga explorar suas opções e ser antes de tudo feliz na sua vida e para você que já encontrou um propósito na cerreira, parabéns! Para aqueles que ainda buscam um, nós desejamos que o encontre e o persista de maneira saudável. O Gerenciando a cafeína de hoje é um atalho para vocês ficarem tranquilos mas não é a solução quanto ao dilema de planejamento de carreira e se isso gera ansiedade e também for algo que te desperta gatilhos aconselhamos um profissional que possa te ajudar e mantenham uma rede de apoio se possível. 
Esperamos que tenham gostado, passem aquele feedback para a gente, agradecemos a audiência e continuem  acompanhando os conteúdos cafeínados do nosso Blog!


Por propondo com diálogo e café

Fontes:
6 mitos sobre carreira que atrapalham os jovens
12 mitos sobre uma carreira de sucesso
Na carreira e na vida sempre chega a hora de desistir!
Por que devemos nos educar para o fracasso?
Meus pais não concordam com a carreira que escolhi. O que fazer?


2 comentários:

  1. Parabéns, sua forma de explanar as palavras é de grande excelência em se posicionar com eficiência e eficácia. Muitíssimo obrigada show totalmente demais...

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  2. Seu apoio é um deleite para nós querida seguidora, você é totalmente demais! Agradecemos o carinho!

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