#10 Redação cafeínada - A privatização de um bem finito, coletivo e essencial - Propondo com diálogo e café

terça-feira, 21 de julho de 2020

#10 Redação cafeínada - A privatização de um bem finito, coletivo e essencial

A Privatização de um bem finito, coletivo e essencial

              A concepção de que tudo tem valor, logo: “se estou pagando posso desperdiçar” agrava a crise hídrica e a lei de privatização da água no Brasil, só reafirma esse discurso, já que será mais flexível para aqueles que podem pagar e cada vez mais difícil para aqueles que ainda sofrem com os mandos e desmandos de uma administração de saneamento básico baseada na politicagem em vez de uma mais técnica.

            O modo de operar da gestão acerca dos recursos hídricos na maioria dos municípios brasileiros, por concessão pública, sofre com a lógica imediatista e eleitoreira que dificulta ações políticas e técnicas de médio e longo prazo, fato que fragiliza o ideal de distribuição e qualidade de recursos hídricos. A lei de privatização da água em todo o Brasil, será ainda mais injusta para os pobres que sofrem tanto com a má distribuição regional, quanto com a falta de cuidado no tratamento na rede de distribuição que causará um cenário de desperdício e de água de baixa qualidade.

            A lógica mercantil sobre um recurso finito, coletivo e essencial gera desigualdade, pois segundo Dalila Alves Calisto, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o tipo de serviço de privatização transfere ao consumidor a responsabilidade de pagar por obras que possam aumentar o acessos, pois o objetivo é o lucro, aumentando ainda mais a exclusão social daqueles que já pagam por um serviço sem qualidade total. Ainda conforme Dalila (MAB), hoje o serviço de saneamento já é deficitário, não será lucrativo para as concessionárias fornecerem água para um município com cerca de três mil habitantes e mesmo que só as cidades pequenas sejam financiadas por estatais não terá arrecadação suficiente, ou seja, prejuízo. O acesso a água ficará inviável, pois na medida que os melhores locais fiquem com as empresas, as cidades pequenas com a população mais pobre, ficarão desassistidas. 

        Segundo Marcos Montenegro, engenheiro e coordenador do Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), a modificação de investimento público por investimento privado no setor de saneamento básico tem como consequência prática o aumento das tarifas para a população. Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, onde as empresas privadas do setor praticam taxas 58% mais caras do que as empresas públicas. O especialista  disse que projeto vem com uma campanha que destaca as mazelas, mas não conseguiu fazer um diagnóstico das causas dos problemas que realmente existem. Ele também ressalta o exemplo de Paris que fez a tentativa de entregar os serviços de água e esgoto na responsabilidade do capital privado e teve que voltar atrás – hoje. Voltado à gestão do município, o modelo de saneamento básico da capital francesa é referência mundial.

        Portanto qualificar o acesso de distribuição dos recursos hídricos deve ser pauta da política de saneamento básico no Brasil, além disso, estímulos a pesquisa em universidades e obras que impactam positivamente a coletividade com projetos sustentáveis de engenharia civil, garantindo a igualdade desse bem essencial a todos.

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